quarta-feira, 28 de setembro de 2011

1ª Quimioterapia

Pois é, 20/09 minha primeira quimio.
Esperei tanto por ela, que na véspera me lembrou a ansiedade que eu tinha quando criança na noite que antecedia os passeios ao Playcenter...
É minha gente, o susto de saber que se tem o CA é tão grande, o medo de morrer é tanto,  que no fim a vontade de fazer a quimio, de saber que tem um monte de drogas dentro de você para acabar com as malditas células cancerígenas, e mesmo sabendo que vai destruir as células boas também e que com isso vou ficar carequinhas entre outras coisas mais, mesmo assim,  a quimio para mim se compara a uma deliciosa ida a um parque de diversões... noossa, como nossos valores mudam!
Não por nada, podem até me achar louca, mas minha vontade de exterminar esta doença maldita, que me pegou tão de surpresa e transformou minha vida em questão de minutos, é tanta que estou disposta a fazer  qualquer coisa. Se precisar sofrer vou sofrer, se doer vou aguentar, mas quero tentar de tudo, tudo mesmo.
Vou fazer 8 sessões, 4 da vermelhinha já tão conhecida e temida e 4 da branquinha, que dizem ser mais amena.
Minha primeira experiência com a vermelhinha não foi das piores, como a médica já havia falado, tive alguns dias de enjôo, uma canseira imensa, uma dor no corpo de vez em quando, chegou a dar até uma febre em uma noite, mas nada que não desse pra aguentar. Isso só na primeira semana, depois vida normal.
Agora é esperar pela próxima...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A difícil arte de dar uma má notícia... Parte II

Primeiro alvo: minhas irmãs... coitadas.
A Adri foi a primeira vítima, e acho que o método que escolhi foi um pouco cruel, por telefone. Que dó...
A Dani então, foi pior, pois não tive coragem de encarar ela e aquele barrigão e acabei recorrendo ao marido dela, que ficou incumbido de contar.
Passado o impacto da notícia, a reação das minhas irmãs foi exatamente o que eu esperava, nos encontramos no dia seguinte, e lá estavam elas, confiantes, sorridentes, nada de baixo astral, só palavras de força, incentivo, tudo numa boa, regado a muitas risadas, sem choros, sem lamentações, tudo o que eu mais queria ouvir elas falaram, a reação delas foi exatamente a reação que eu teria diante uma situação destas, e mais ainda, exatamente o que eu queria encontrar. Não é a toa que temos o mesmo sangue né... elas me conhecem demais, temos uma ligação muito forte, fomos criadas em um ambiente maravilhoso, e desde cedo aprendemos a essência da palavra "famíla", que sempre vem junto de proteção, carinho e cuidado. Sempre foi e será assim, uma cuidando da outra, como se fossemos uma leoa cuidando de sua cria.
 Minhas irmãs são minhas melhores amigas, com que eu posso contar a qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer situação. Como é bom tê-las ao meu lado, dando o ritmo que eu escolhi para minha doença, o bom humor e a coragem sempre.
A Adri tem sido minha "dama de companhia", vai comigo pra tudo que é lugar, fazer exames, buscar exames, médico, hospital, tudo, não me deixa nem por um minuto, e quando me deixa, que é na hora de dormir, fica me ligando pra saber se estou bem. É minha companheira de vida!
A Dani, tadinha, tá se virando como pode para me ajudar, uma vez que a barriga está pesando, mas também é naquele esquema escoteiro, sempre alerta! Morro de dó, pois estraguei o momento mais especial da vida dela, e por incrível que pareça, ela me devolve em cuidado e carinho sempre.
Ahh! No meio de toda essa confusão, ainda estávamos com o problema do meu pai.Lembra que eu falei em um post anterior que meu pai teve um infarto no dia 24/06 e acabou passando por uma cirurgia as pressas? Pois é, depois disso ele teve uma recuperação super difícil e algumas complicações. Foram momentos terríveis, e com o agravante de que minha mãe estava se mostrando desanimada e depressiva com tudo aquilo que estava acontecendo. Enfim, depois de quase um mês de hospital ele, finalmente, teve alta e foi pra casa.
No dia em que fui ao mastologista e recebi a confirmação do meu câncer, meu pai acabou sendo internado novamente. Aí situação ficou cômica, para não dizer trágica. Nós 3 indo visitar meu pai no hospital, fingindo que nada estava acontecendo e sabendo que uma hora teríamos que contar tudo.
Até pensamos em contar só para minha mãe, mas definitivamente não dava. Como chegar para uma pessoa que toda hora estava chorando por que meu pai não melhorava, e porque tava cansada de tudo aquilo e falar ..."pois é mãe, tenho mais uma novidade para te contar: estou com câncer!? Sem condições...
Aí foi, nós 3 fingindo que nada estava acontecendo, e meu pai lá, esperando tudo se regular para poder ir para casa.
Nisso eu já estava com a cirurgia marcada, tudo programado e acertado.Meu pai teve alta no domingo, dia 07 e eu iria operar na quinta, dia 11.
Na segunda feira após a alta, até fomos lá com a intensão de contar o que estava acontecendo ao menos para minha mãe, mas....amarelamos.
Ninguém conseguiu contar. Naquele dia, em especial, minha mãe estava pior que os outros dias, triste, chorando por tudo, se a pressão do meu pai tava alta ela chorava, se tava baixa ela chorava, se tava boa ela chorava... um rio de lágrimas.... chorou até porque ele tinha que seguir uma dieta.
E assim foi, a semana seguiu, ninguém teve coragem de contar e na 5ª feira eu fui,  firme e forte,  para a tão esperada cirurgia.
No meio de toda essa confusão generalizada, eu operei, minha irmã contou pra eles tudo o que estava acontecendo e todo mundo sobreviveu.
É...todo mundo sobrevive a uma má notícia, a não ser que tenha problemas cardíacos, que não era mais o nosso caso, Graças a Deus!
Com tudo isso, meu pai acabou se recuperando da cirurgia, minha mãe tomou um choque tão grande que parou de chorar e agora parece que está mais forte, como todas as mulheres da nossa família. (ela estava uma ovelha desgarrada com toda aquela lamentação e depressão)
Nós somos assim, se a vida nos dá um limão, fazemos uma limonada, se nos dá uma laranja, fazemos uma laranjada, e se nos dá uma porrada, fazemos dela uma luta do UFC!!
PS: nós somos o Anderson Silva! Vencemos todas!